quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Felicidade também é título de filme

 Que filme é Felicidade?

Drama de Todd Solondz, EUA/1998, de nome original “Happiness”. Ao assistir o filme, o espectador pode considerar como perdedores os personagens de Felicidade, nestes tempos em que, para fugir ao fracasso com relação a certas conquistas, assiste-se televisão, busca-se o entretenimento, escapa-se da arte favorecedora de fruição e reflexão. E se tende ao tédio e à perversão. Como integrantes de uma sociedade cujas referências se concentram no acesso a bens de consumo através de ascensão socioeconômica, os personagens tentam encaminhar suas vidas.

Desse ponto de vista, a irmã escritora (solteira) é bem sucedida. Fama, dinheiro, beleza, consumo de seu trabalho. Mas, o filme afirma que isso não basta, pois ela está insatisfeita com a qualidade do que escreve, reconhecendo ser uma obra facilmente vendável devido às concessões que faz ao mercado. Então, ela fantasia: precisa experimentar em si mesma o que é um estrupo para escrever melhor sobre isso. Ela aparenta ter feito a opção por ser uma “comedora de homens”, um papel antes exclusivamente masculino e hoje almejado por várias mulheres. Porém, um olhar mais detido descobre que ela substitui a necessidade de afeto pelo desejo de ser estuprada. Também aqui uma insatisfação com a vida – o não alcance da felicidade. Esta irmã está presa a uma idealização de mulher independente.

Também do ponto de vista socioeconômico, a irmã casada é bem sucedida. Ela tem uma vida e uma casa confortáveis, marido e filhos bonitos (inteligentes, “normais”, sociáveis). E, também neste caso, o filme afirma que isso não é suficiente, pois ela quer convencer a irmã caçula, Joy, a buscar uma vida mais satisfatória. Quando usa a própria vida como exemplo, soa falsa, estranhamente afetada e sem convicção. A razão disso vem logo em seguida: sua relação com o marido não inclui o prazer do contato sexual. E, depois, o espectador descobre que o marido se debate para resistir à pedofilia. Uma mulher que investe tudo na organização da vida familiar, microcosmo da sociedade, não admite um provável crime de seu marido. Inevitavelmente acontece. Esta irmã está presa a uma idealização de mulher casada.

A alegria ligada ao nome de Joy aponta para uma visa quase libertária. Quase, por que ela tenta ser o que as irmãs acham que ela deve ser. Se não, ela seria livre. Então, se livra do namorado gordo, que não é bonito como o marido da irmã casada. Se livra do emprego que adora, por que não tem o glamour do trabalho da irmã escritora famosa. Brinca com o bebê da irmã para sentir-se próxima da maternidade. Espera que um homem lhe telefone no sábado à noite, como fazem homens para sua irmã escritora. Ao mudar de emprego, não consegue posicionar-se quanto à sua atitude quanto à greve, que ela prejudica. Falta-lhe visão de mundo. Afinal, ela não se manifesta contra a influência dos desejos das irmãs, que desejam por ela. A mãe conspira com as irmãs para que Joy não saiba das “más notícias”, assim atribuindo-lhe uma ingenuidade que Joy assume em seus relacionamentos amorosos. Basta uma música romântica ao violão para despertar-lhe um impulso de paixão. Esperança nesse homem. Frustração com ele. Esta personagem está presa a uma idealização das idealizações.

Joy sintetiza as idiossincrasias de todos os personagens do filme. À inadaptação de cada um corresponde um desajuste dela. Com essa construção da história, a felicidade fica inalcançável diante da complexidade humana. A quase liberdade de Joy seria a quase felicidade?

Análise do filme escrita em 1999.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Universidade Amiga do Idoso - orientação da Dublin City University (DCU)


A Rede Global de Universidades Amigas do Idoso (Age-friendly University Global Network – a Dublin City University initiative to promote positive and active ageing) é uma iniciativa da Dublin City University (DCU), da Irlanda, que reúne mais de 70 instituições de ensino superior na Europa, Ásia, América do Norte – e duas universidades no Brasil. O trabalho foi iniciado em 2012 e em abril de 2018 a Rede contava com 21 instituições espalhadas globalmente. Nos dias 13 e 14 de março de 2018, na capital irlandesa, houve o primeiro encontro dessa rede, conhecida como AFU (Age Friendly University).

A primeira a conquistar o título, no Brasil e na América do Sul, foi a PUC-Campinas, seguida pela Universidade Federal de Uberlândia.

PUC Campinas

Universidade Federal de Uberlândia

Para ser reconhecida como ‘Universidade Amiga do Idoso’, há 10 princípios a serem atendidos e um passo-a-passo a ser seguido, conforme abaixo.


Princípios para uma Age-Friendly University

1) Estimular a participação dos adultos mais velhos em todas as atividades relevantes da universidade, inclusive os programas de pesquisa.

2) Promover o desenvolvimento pessoal e profissional na segunda metade da vida das pessoas, inclusive dando apoio aos que querem tentar uma nova carreira.

3) Reconhecer o amplo espectro de necessidades educacionais dos mais velhos, para atender desde os que deixaram a escola precocemente até os que buscam um título de PhD.

4) Promover o aprendizado intergeracional, facilitando o compartilhamento de expertises entre estudantes de todas as idades.

5) Ampliar o acesso à educação online para adultos de modo a garantir a diversidade de possibilidades de participação.

6) Garantir que a agenda de pesquisa da universidade leve em consideração as necessidades relacionadas ao envelhecimento.

7) Ampliar o conhecimento dos alunos sobre os dividendos da longevidade e a riqueza que esta pode trazer para a sociedade.

8) Melhorar o acesso dos idosos aos programas da universidade relacionados a saúde e bem-estar, assim como as artes e atividades culturais;

9) Fazer com que a universidade se engaje e participe de sua própria comunidade de aposentados.

10) Garantir diálogo constante com organizações que representem os direitos da população mais velha.

 Passos para se tornar AFU

1º Passo

Reúna as pessoas interessadas (professores, estudantes, comunidade etc.).

Se familiarize com o site WHO Age-Friendly World Network e com os Dez Princípios que complementam a abordagem.

Revise os Princípios e busque consenso.

Cada integrante da Rede AFU interpreta e aplica os Princípios a seu modo, podendo focar em aspectos específicos, como pesquisa, aprendizagem intergeracional, política interna – ficando para decisão de cada integrante da Rede.

2º Passo

Crie um grupo de trabalho multidisciplinar, com pessoas que ‘façam acontecer’.

Rascunhe um ‘termo de referência’ para o Grupo. 

Estabeleça um calendário de reuniões e metas.

Distribua tarefas.

Compare os Princípios e as atividades para avaliar oportunidades e destaques a considerar.

Interage com muitos interessados para coletar o máximo de informação.

Não se preocupe muito se não conseguir cobrir todos os Princípios – o que importa é o compromisso autêntico com os Dez Princípios, medidas concretas e ações claras.

Ao finalizar, encaminhe para a coordenação.

3º Passo

Apresente uma minuta à coordenação. Se prepare para responder perguntas sobre as medidas a serem tomadas. Pode haver um foco de interesse que coincida com planos estratégicos ou missão/visão da instituição.

4º Passo

Finalize o documento definindo a forma como vai implementar a AFU e o que deseja alcançar como integrante da Rede AFU – por exemplo, aumentar a visibilidade das pessoas idosas no campus e as oportunidades de intercâmbio com estudantes.

Envie o documento com uma carta de confirmação de seu dirigente para o Prof. Daire Keogh, President, Dublin City University (DCU) e cópia para a Coordenação (Age Friendly Coordinator) também da DCU.

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Iniciado Ciclo de Reuniões sobre a Rede Global de Cidades e Comunidades Amigas da Pessoa Idosa, da OMS

Diversos municípios brasileiros têm seus nomes na Rede Global de Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa após terem cumprido os requisitos para receberem a certificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No dia 30 de julho, a Organização Pan-americana da Saúde/OMS realizou a 1ª Reunião Virtual das Cidades Brasileiras integrantes da Rede Global de Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa – um total de 18 cidades. Representantes dessas cidades foram convidados para a Reunião, além de gestores das cidades em processo de certificação; Ministério da Saúde; Ministério da Mulher Família e Direitos Humanos – com presença do Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa; Comissão do Idoso da Câmara dos Deputados; Confederação Nacional de Municípios; Academia. 


Com o objetivo de potencializar as ações da Rede, a OPAS/OMS no Brasil dará continuidade a essa 1ª Reunião promovendo um conjunto de sessões virtuais temáticas, incluindo a preparação para o lançamento da Década do Envelhecimento Saudável. Na próxima reunião alguns municípios apresentarão suas ações no âmbito da Rede e em data posterior a Universidade Federal de Viçosa (UFV)/Minas Gerais vai mostrar as iniciativas desenvolvidas para o envelhecimento populacional em seu estado.

Para conhecer a Rede Global de Cidades e Comunidades Amigáveis à Pessoa Idosa: https://extranet.who.int/agefriendlyworld/network/

 

terça-feira, 8 de junho de 2021

Velhice não é doença!

A pergunta “VELHICE É DOENÇA?” se refere à mudança trazida pela 11ª edição da CID (Classificação Internacional de Doenças) – atual CID 10 – que cria o código MG2A intitulado “Velhice”. Ou seja, torna a velhice uma doença codificada na CID, inclusive com descrição dos “sintomas gerais” e inclusão de doenças mentais, senescência e debilidade senil.


Os integrantes do grupo @oquerolanageronto, Yeda Duarte (enfermeira e docente), Carlos Lima (psicólogo), Marília Berzins (assistente social) e Sérgio Paschoal (médico geriatra), realizaram uma live no dia 31 de maio sobre essa proposta de transformar o processo de envelhecimento em doença. A live teve participação de Alexandre Kalache e Carlos Uehara e gerou desdobramentos.

Foi o início de uma mobilização internacional com o convite ao médico argentino José Ricardo Jauregui, Presidente da IAGG (International Association for Gerontology & Geriatrics), para elaboração de uma estratégia de combate à transformação da velhice em doença. O debate internacional será realizado no dia 09 de junho, às 19h.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

A educação presencial se transformou em EAD na pandemia - e vai continuar?

Reflexões sobre a “Educação a Distância” - a EAD – indicam a intensificação desse processo educativo no período de pandemia como alternativa às escolas presenciais. A EAD não é nova. Já a partir da década de 1990 a discussão aumentou, embora metodologias anteriores tenham usado recursos de ensino-aprendizagem remotos e dispositivos instrucionais automatizados prévios aos computadores.

 

Destaco dois aspectos: (1) a mudança do centro da educação, que sai do professor e passa a ser o estudante; (2) o trabalho em grupo facilitado pelo uso do computador conectado à internet.

Sendo o estudante o centro da aprendizagem, a perplexidade dos professores ainda deixa o campo da EAD em compasso de espera de sua decisão final sobre a “novidade” da transferência do centro. Como adaptar-se? De que maneira mudar o mindset? Afinal, modelos mentais são mutáveis. Ou não?

O estudo em grupo é mais ágil com o uso do computador em seus mais diversos recursos de interação. A mobilização presencial de estudantes para trabalho em grupo pode ser mais demorada em razão do deslocamento por espaços físicos ainda que seja na sala de aula e depende de autorização de pais ou responsáveis para que se juntem fora de casa e da escola, quando menores de idade. Há um hábito da escola tradicional a ser modificado: o modelo de aprendizagem por transmissão de conhecimentos para a ação liderada por professores na direção da experiência centrada em um grupo.

Não está sendo fácil, nem será. A reclusão exigida pela pandemia do Coronavírus pavimentou a adoção da EAD e não sabemos se seguirá em uso. Talvez alguns educadores passem a uma metodologia híbrida com partes presenciais e outras remotas. O tempo dirá. Se o modelo de ensino-aprendizagem foi influenciado pela EAD, a importância do professor permanece assim como sua função primordial no processo educativo.

Professores da educação de adultos lidam com aspectos intangíveis dos relacionamentos, como emoções, sensações e sentimentos - tudo expresso em expectativas, aspirações a progressão profissional, necessidade de aprimoramento pessoal, demanda de conciliar várias tarefas ao mesmo tempo. Daí o esforço requerido pelo incentivo ao envolvimento dos estudantes com o estudo. Nem sempre as pessoas têm clareza de tudo que está envolvido no processo de aprendizagem. No seu próprio e dos demais.

A interação em grupo potencializa a aprendizagem de cada estudante a partir das diferentes visões e experiências compartilhadas. É no encontro com o “outro” que cada um aprende sobre si mesmo, sobre as diferenças entre as pessoas e sobre os limites dos relacionamentos. Ademais, há diversos estilos de aprendizagem.

Trabalhar em grupo prepara os estudantes para a vida em coletividade, com planejamento de atividades, clareza nas interações, resolução de conflitos e trabalho conjunto para objetivos comuns.

domingo, 28 de março de 2021

Não à discriminação por idade!


Fiz uma mensagem à deputada @JanainaDoBrasil – legisladora, advogada, professora de Direito - que, em 27 de março, disse preocupar-se com as mortes de jovens por Covid-19 no país.

Trecho do tuíte da deputada Janaína Paschoal @JanainaDoBrasil: "Eu me preocupo com todas as vidas! Mas as vidas daqueles que viveram menos me preocupam mais. Aliás, penso que já estejamos no momento de estabelecer claramente regras para priorizar o uso dos recursos disponíveis: leitos, respiradores, etc. É pesado, mas é necessário!"

Quando a deputada @JanainaDoBrasil (mais votada de SP) diz que quem viveu menos a preocupa mais e que há necessidade de criar regras de hierarquização de recursos, não deixa dúvida que se refere a critérios sobre quem morre.

A deputada atenta a critérios de idade, deixando de lado o contexto social. Pois saiba, deputada Janaína, que muitos idosos são “recursos” para familiares por terem aposentadoria onde falta renda das famílias, são “recursos” quando ficam com netos para os adultos trabalharem.

Se informe deputada @JanainaDoBrasil não digo isso baseada em minha bolha. Há dados, muitos dados, inclusive do IBGE (em desmonte) e do IPEA. Idosos são consumidores que dinamizam a economia. Além disso, são fonte e destino de afeto. Têm uma vida que ilumina caminhos.

quarta-feira, 24 de março de 2021

Arquitetos em equipes multidisciplinares de saúde e envelhecimento


As equipes de saúde se antecipam à chegada de doenças com ações preventivas e com orientação das pessoas sobre a promoção da saúde para se manterem saudáveis e bem dispostas em qualquer idade

Sabemos que as equipes de saúde são compostas por médicos, enfermeiros e uma multiplicidade de profissionais da área de Saúde. Quando pensamos em uma equipe de saúde atuante no processo de envelhecimento, além da especialidade médica de geriatria, de imediato lembramos do profissional da gerontologia.

Agora, arquitetos especializados em longevidade também integram as equipes dedicadas ao bom envelhecer. Destaco aqui uma arquiteta, um arquiteto e um CEO de escritório de engenharia e projetos arquitetônicos.

A arquiteta de interiores Lygia Passos Galvão, da Mosaico Interiores, é autora de projetos arquitetônicos especializados em residências de pessoas idosas e mentora do projeto Morar Melhor na Longevidade. Lygia fez curso de gerontologia que lhe proporcionou uma visão ampliada sobre as características do envelhecimento e a compreensão dos impactos no ambiente físico por onde as pessoas idosas circulam internamente e externamente. Para Lygia, quando há problemas de saúde, busca-se profissionais específicos para orientação e tratamento. E afirma que “quando passamos a entender que a saúde plena é o resultado da assistência de várias especialidades, percebemos o valor da ação de um grupo interdisciplinar no cuidado, não só curativo como profilático.”

Lygia explica a especificidade dessa atuação. “A intervenção de um arquiteto na casa do idoso, com certeza, aponta vícios e acomodações de tempos que passaram e hoje são prejudiciais à estabilidade da saúde. Através da análise das necessidades já levantadas pela equipe, o arquiteto completa o diagnóstico com propostas de modificações. É gratificante fazer parte de uma equipe reunida no cuidado e atenção ao idoso. É inovador que a arquitetura colabore com a prevenção da saúde pelo idoso.” A arquiteta faz parte da equipe do Point do Idoso dirigido pela geriatra Fátima Fernandes, participando da iniciativa "O Point do Idoso vai à sua casa", voltada a cuidados domiciliares com a segurança exigida pela pandemia.

O arquiteto e urbanista Jorge Costa, mestre em Memória Social e doutor em Psicologia Social pela UERJ coordena o projeto "A moradia e a cidade na vida do Idoso" da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI)/ Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde está à frente de uma oficina permanente. A UnATI oferece grande número de cursos, oficinas e eventos na cidade do Rio de Janeiro. As pessoas idosas participantes de sua oficina se tornaram muito próximas de Jorge Costa, especialmente por terem, antes da pandemia, feito visitas a localidades, passeios guiados, encontros e participado de debates durante palestras de convidados da Oficina.

Para Jorge Costa, "a arquitetura e a cidade do longevo devem permitir o exercício do tempo decorrido estimulando o corpo em um processo marcado pela mobilidade, segurança, acessibilidade e olhar crítico. O corpo e a memória precisam ser provocados, estimulados, na produção de releituras temporais que possam manter o foco da vitalidade no cotidiano de um ser humano em uma etapa de vida repleta de memórias individuais e sociais."

Costa integra o quadro permanente do Instituto Estadual de Engenharia e Arquitetura/IEEA - Governo do Estado do Rio de Janeiro e é membro da Sociedade Brasileira de Gerontecnologia - SBGTec.

Nesse contexto de surgimento de trajetórias profissionais revistas a partir da nova situação social de grande aumento do número de pessoas idosas no Brasil – e no mundo – a moradia se torna foco de pesquisa e de adaptações para que os espaços se ajustem às particularidade de uma fase da vida que pode (e deve) ser plena de satisfação e bem-estar.

Recém-publicado, o livro “Senior Living – Conceitos, Mercado Global e Empreendimentos de Sucesso” é o primeiro no Brasil a tratar da estruturação de moradias para a longevidade.

O autor, Norton Mello, tem escritório de arquitetura de organizações de saúde e bem estar - BIOENG Projetos (www.bioengprojetos.com.br). É engenheiro civil, mestre em Engenharia Biomédica e doutor em Healthcare Management, com larga experiência em planejamento e projetos de edificações de saúde.

No livro, Mello explica o conceito de moradia para a longevidade e apresenta exemplos práticos desenvolvidos no Brasil e no exterior. Segundo Norton Mello, “o papel do profissional de engenharia e arquitetura na composição das equipes assistenciais em organizações de saúde é fundamental para a melhoria dos fluxos de trabalho, produtividade e segurança para todos os usuários. Sem essas análises gastam-se muitos recursos e tempo em resultados com desfechos dramáticos.”

 


Serviço

O livro Senior Living – Conceitos, Mercado Global e Empreendimentos de Sucesso está à venda na Amazon.com (www.amazon.com.br)

domingo, 21 de março de 2021

A “Nova Longevidade”, segundo Diego Bernardini

As pessoas idosas são trabalhadores, votantes, usuárias (os) de serviços, pagadores de impostos, cuidadores. Têm a iniciativa em tudo o que se refere a suas velhices.

Diferente do modelo atual em que um processo decisório que começa no gestor público propositor de políticas referentes aos idosos com pouca ou nenhuma participação das pessoas idosas. 

O projeto ‘La nueva longevidad’ vai além da proposta de viver mais: viver diferente, viver a plenitude, viver com inclusão social, participação ativa na vida. Tudo depende da atitude diante da vida, do estilo de vida e de projetos.

Diego Bernardini é médico de família nascido em Buenos Aires, Argentina com especialização em geriatria, saúde pública, reabilitação e educação médica.



quinta-feira, 4 de março de 2021

Pesquisa sobre a vida sexual depois dos 50 anos

Compartilhado de Patricia Riccelli Galante de Sá - https://www.linkedin.com/in/patriciagalantedesa/

Como é a vida sexual depois dos 50 anos? E dos 60, 70, 80? Esse ainda é um tema tabu que precisamos entender melhor, diante do boom da demografia prateada no Brasil. Ele cai na malha dos estereótipos etários de que "idoso não transa". Será?

Vamos pesquisar a fundo o tema num projeto que surgiu dentro da 1a turma em mercado da longevidade da Fundação Getulio Vargas, pilotado pela Simone Lara, que abordará Envelhecimento Ativo em sua disciplina. Paqueras online, sex shops, tratamentos, preferências sexuais, formas de relacionamento, todas as pedras serão reviradas! Se atingirmos mais de 200 respondentes, vai virar artigo científico e divulgaremos nas redes.

Você é 50+ ? Então participe da pesquisa, de forma totalmente anônima, e divulgue para sua rede.

Enquanto não saem os nossos dados, assista duas ótimas séries sobre o tema na Netflix: O Método Kaminsky e Grace & Frankie, que abordam de forma muito bem humorada e honesta essa fase da sexualidade madura.

#LongevidadeFGV #sexualidademadura #envelhecimentoativo

https://lnkd.in/dqw9tXT

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Comentários à Carta Aberta sobre Decreto 10604/2021

 Sai o Decreto nº 9.921/2019 – entra o Decreto no 10.604/2021: diminuem os direitos

 
A Carta Aberta à População Brasileira assinada pelo Movimento Nacional de Ativistas dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa apresenta argumentos contra a ameaça aos direitos humanos das pessoas idosas identificada em diversos atos de desrespeito à Constituição Federal de 1988, à “Política Nacional da Pessoa Idosa” e ao “Estatuto da Pessoa Idosa”, especialmente no Decreto no 10.604/2021 que altera o Decreto nº 9.921/2019.

O Decreto objeto da Carta Aberta, Decreto no 10.604/2021, é assinado pelo Ministério da Cidadania junto com o Ministério do Turismo e o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Esse decreto transfere do Ministério da Cidadania para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos as competências para a implementação das políticas voltadas às pessoas idosas. Competências que incluem a gestão da Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa.

A Carta Aberta identifica retrocessos nos direitos das pessoas contidos no Decreto no 10.604/2021.

 

Substituição do termo “idoso” pela expressão “pessoa idosa”

 Cabe observar que o Decreto nº 9.921/2019 se refere como Política Nacional da Pessoa Idosa à Política Nacional do Idoso (Lei nº 8.842/1994), que ainda não teve regulamentação dessa nova denominação.

 Ainda assim, a Carta Aberta recomenda a substituição do termo “idoso” pela expressão “pessoa idosa” para que os nomes das Políticas e legislações estejam em consonância com a “neutralidade de gênero” defendida no 5º parágrafo - uma mudança efetuada no texto do Decreto nº 9.921/2019 e nas práticas de profissionais e de ativistas da área de longevidade.

Essa mudança foi formalizada para o antes denominado Conselho Nacional dos Direitos do Idoso (CNDI) que passou a ser designado como Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, com aprovação unânime no Plenário do Conselho Nacional em 2017, sem prejuízo da manutenção da sigla CNDI.

Também está proposta alteração de nome para o Estatuto do Idoso pelo PL 3.646/19, que prevê passar a Estatuto da Pessoa Idosa.


Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa

Quanto ao Decreto nº 9.921/2019, a Carta Aberta reconhece que consolidava decretos sobre direitos das pessoas idosas. Esse Decreto, no Capítulo II - Do Direito ao Envelhecimento Ativo e Saudável -, regulamenta a Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa.

Neste ponto da Carta Aberta, cabem algumas questões:

O 7º parágrafo da Carta Aberta se refere genericamente à implementação de projetos “amigos das pessoas idosas” e à “maioria das iniciativas”. Fica a dúvida se abrange todo e qualquer projeto “amigo do idoso”.

Não há citação de fonte para a generalização indicativa de “organizações da sociedade civil e instituições acadêmicas” que a Carta diz terem "reservas" quanto a esses projetos “amigos das pessoas idosas”. A Carta também não cita a fonte sobre a impressão de “falta de transparência” e de “falta de rigor científico”.

Quando a Carta diz que é difícil pensar no “Brasil como amigo da pessoa idosa” quando “milhões de brasileiros envelhecem prematuramente e mal...” parece indicar que os signatários da Carta consideram melhor não propor nenhuma política amiga da pessoa idosa diante de tal desigualdade! Ou seriam propositivos quanto a políticas de enfrentamento desse desafio? As quatro principais iniciativas brasileiras denominadas “amigas do idoso” são consideradas pertinentes? 

Iniciativas em desenvolvimento no Brasil com base no Guia Global Cidade Amiga do Idoso

·         Programa São Paulo Amiga do Idoso, iniciado em 2012 pelo governo estadual, com consultoria do Professor Alexandre Kalache, abrangendo hoje 641 municípios dos 645 existentes no estado.

 ·         Projeto Cidade para todas as idades, proposto pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), a partir de 2015, desenvolvido em três municípios: Veranópolis (RGS), Jaguariúna (SP) e São José do Rio Preto (SP).

 ·         Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa, lançada em abril de 2018, atualmente com 962 adesões de municípios das diferentes regiões, em distintas fases de execução.

 ·         Municípios orientados pela Organização Pan-Americana da Saúde/OMS, tendo 12 cidades que receberam certificação da OMS como Cidades Amigas do Idoso.

Há 18 cidades certificadas com informações disponíveis no site Age-Friendly World, com exceção dos municípios participantes da Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa, que ainda não alcançaram os requisitos para a certificação da OMS,

Cidades de São Paulo:  São José do Rio Preto e Jaguariúna.

Cidades do Rio Grande do Sul: Veranópolis, Esteio e Porto Alegre.

Cidades do Paraná: Pato Branco; Sulina; Santo Antônio do Sudoeste; Pérola do Oeste; Dois Vizinhos; Nova Esperança do Sudoeste; Renascença; Realeza; Santa Tereza do Oeste; Itapejara do Oeste; Bom Sucesso do Sul; Chopinzinho; Balneário Camboriú.

 

Defesa dos direitos das pessoas idosas

São diversos os aspectos da Carta que indicam violações de direitos humanos das pessoas idosas e que devem ser revertidos.

Garantidor de participação social, todo o trecho sobre o Comitê Gestor da Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa foi excluído do Decreto no 10.604/2021. O Comitê Gestor previa “direito a voz” das pessoas idosas, como consta da lei, embora, originalmente, no Decreto nº 9.921/2019, o CNDI não pudesse votar.

A Carta Aberta sobre o Decreto 10.604/2021 é um importante manifesto a ser efetivado em políticas públicas. 

 

Silvia Maria Magalhães Costa

Pesquisadora sobre governança pública e divulgadora científica em promoção da saúde