quinta-feira, 22 de abril de 2021

A educação presencial se transformou em EAD na pandemia - e vai continuar?

Reflexões sobre a “Educação a Distância” - a EAD – indicam a intensificação desse processo educativo no período de pandemia como alternativa às escolas presenciais. A EAD não é nova. Já a partir da década de 1990 a discussão aumentou, embora metodologias anteriores tenham usado recursos de ensino-aprendizagem remotos e dispositivos instrucionais automatizados prévios aos computadores.

 

Destaco dois aspectos: (1) a mudança do centro da educação, que sai do professor e passa a ser o estudante; (2) o trabalho em grupo facilitado pelo uso do computador conectado à internet.

Sendo o estudante o centro da aprendizagem, a perplexidade dos professores ainda deixa o campo da EAD em compasso de espera de sua decisão final sobre a “novidade” da transferência do centro. Como adaptar-se? De que maneira mudar o mindset? Afinal, modelos mentais são mutáveis. Ou não?

O estudo em grupo é mais ágil com o uso do computador em seus mais diversos recursos de interação. A mobilização presencial de estudantes para trabalho em grupo pode ser mais demorada em razão do deslocamento por espaços físicos ainda que seja na sala de aula e depende de autorização de pais ou responsáveis para que se juntem fora de casa e da escola, quando menores de idade. Há um hábito da escola tradicional a ser modificado: o modelo de aprendizagem por transmissão de conhecimentos para a ação liderada por professores na direção da experiência centrada em um grupo.

Não está sendo fácil, nem será. A reclusão exigida pela pandemia do Coronavírus pavimentou a adoção da EAD e não sabemos se seguirá em uso. Talvez alguns educadores passem a uma metodologia híbrida com partes presenciais e outras remotas. O tempo dirá. Se o modelo de ensino-aprendizagem foi influenciado pela EAD, a importância do professor permanece assim como sua função primordial no processo educativo.

Professores da educação de adultos lidam com aspectos intangíveis dos relacionamentos, como emoções, sensações e sentimentos - tudo expresso em expectativas, aspirações a progressão profissional, necessidade de aprimoramento pessoal, demanda de conciliar várias tarefas ao mesmo tempo. Daí o esforço requerido pelo incentivo ao envolvimento dos estudantes com o estudo. Nem sempre as pessoas têm clareza de tudo que está envolvido no processo de aprendizagem. No seu próprio e dos demais.

A interação em grupo potencializa a aprendizagem de cada estudante a partir das diferentes visões e experiências compartilhadas. É no encontro com o “outro” que cada um aprende sobre si mesmo, sobre as diferenças entre as pessoas e sobre os limites dos relacionamentos. Ademais, há diversos estilos de aprendizagem.

Trabalhar em grupo prepara os estudantes para a vida em coletividade, com planejamento de atividades, clareza nas interações, resolução de conflitos e trabalho conjunto para objetivos comuns.